28 de jun. de 2013

Cantando na Chuva e meu problema com e-mails.

Existem certos momentos em nossas vidas que literalmente servem para separar os meninos dos homens, e pra mim enviar e-mails para professores pode muito bem ser considerado um deles. Obviamente, minha primeira prova de fogo nesse sentido me enfiou no lado mais fraco da clivagem social, quando eu escrevi um e-mail enorme para um professor qualquer perguntando milhões de coisas sobre um trabalho e... esqueci de anexar o arquivo. Isso foi na primeira fase da faculdade e eu pensei seriamente que era coisa de calouro, que logo logo essa imbecilidade pra me comunicar iria passar: não passou.
O final de semestre se provou muito mais cruel do que deveria nesse sentido: quase todos os professores pediram pra enviar os trabalhos por e-mail (até as 23:59hrs mimimipocó) e eu consegui uma série de mini ataques cardíacos. O principal motivo deles foi... enrolar até 23:58hrs pra mandar cada e-mail, e depois rezar pra internet me ajudar, pro arquivo anexar, pro texto não parecer muito ridículo, etc etc etc etc.
Oh glorious feel, I'm happy again.
Nesse tempo de espera até as 23:58hrs, nessa última semana, minha taxa de produtividade irrelevante foi maior que nos últimos 4 meses juntos. Em geral, como eu estou me preparando para a temporada de hibernação oficial de julho, a procrastinação se resumia a baixar 666 volumes de quadrinhos pra ler e analisar nas férias, mas³ algumas dessas atividades, aparentemente irrelevantes, se mostraram importantes para mim de certa forma. É aí que entra Cantando na Chuva.
Começando do começo, eu posso dizer que tinha dois dias para fazer uma avaliação de Teoria I e entregar por e-mail. Durante esses dois dias eu não fui pra nenhuma aula, me armei de um cobertor quentinho e dos textos da disciplina e... procrastinei até o último minuto. Então lá estava eu, fazendo nada no Facebook, quando vi uma imagem explicando os passos de dança daquela cena clássica de Cantando na Chuva compartilhada ou publicada, não lembro bem, pelo Cinetoscópio. Nos primeiros meses do semestre eu já havia assistido um trechinho do filme na aula de Imagem e Som, sei lá eu pra analisar o que, e eu lembrei que tinha me prometido assistir o filme inteiro. E tal como minha avózinha dizia, mente vazia, oficina do Diabo: porque não assistir Cantando na Chuva hoje? E a partir daquele momento, decidi que não era uma prova importante de Teoria que me salvaria o semestre, que ia me impedir.
So, this is the story of How I met your mother de como eu entrei em contato com esse filme maravilhoso. E depois de todo esse relato que certamente fará muita diferença em suas vidas, fica a minha opinião sobre Cantando na Chuva, que certamente será tão relevante quanto o começo do texto. (:

Antes de mais nada, eu sei que existem pessoas que torcem o nariz pra filmes mais antigos, por desconhecimento ou talvez por arrogância: não vou fazer acusações. Só acho que para todos aqueles que ainda não deram uma chance pro cinema dos anos 50 e 60 por acreditar que todos os filmes são ruins e mimimi, Cantando na Chuva pode mudar essa opinião.
Minha primeira surpresa ao assistir é que, por total ignorância do roteiro, eu jurava que o filme seria um daqueles musicais bobinhos com milhões de canções mal encaixadas e uma história bem fraca servindo como pano de fundo. Não foi exatamente isso que aconteceu. Eu adorei³ descobrir que: a) Cantando na chuva é um filme sobre um filme e b) ao longo do desenvolvimento ele ganha características mais fortes de musical quando o filme feito por Don e Lina se torna um musical.
Parece confuso, mas o resultado disso é que as músicas se tornam muito mais bem encaixadas no roteiro. E elas são muito mais cabíveis nas situações, surgindo de brincadeiras entre amigos, declarações de amor ou da alegria de um beijo merecido.
Porém como todo musical, sempre tem algo que estraga: o último número musical, apesar de interessante, toma muito tempo e destoa do restante da filmagem. São quase 10 minutos com um grande "pra que isso, meu jovem?" apoquentando as idéias, pra cena terminar e não ter nenhuma ligação com a próxima tomada.
Toda a parte visual do filme é muito bem pensada. Assistir ele se torna mais que ver uma história interessante, e sim se transportar para uma época mágica cheia de personagens maravilhosos, cor e brilho. Os figurinos são lindos, os cenários cheios de detalhes, e algumas cenas são praticamente puro visual como a clássica cena
A passagem do cinema mudo para o cinema falado também foi bem representada no filme, primeiro como uma invenção que não daria em nada, depois como um estouro modificador de qualquer opinião sobre a relevância do som no cinema.
Os problemas técnicos dessa adaptação também são interessantes. O som mal regulado dos primeiros filmes falados, as expressões caricatas dos atores que não estavam acostumados a nova técnica, os diálogos mal escritos de roteiristas que não estavam acostumados a escrever falas que preenchessem o vazio da cena, todas essas "falhas" são mostradas na película, assim como as formas de contorná-las também.
A atuação de todos os atores envolvidos também é interessante. Os atores principais já era de se imaginar que teriam um desenvolvimento satisfatório, e por assistir milhares de vezes a cena maravilhosa do Gene Kelly dançando na chuva já se imagina que ele ganha toda a tela. A diferença desse musical para muitos dos outros da época, é que você percebe a mesma genialidade nos coadjuvantes.
Principalmente a Jean Hagen, que conseguiu encarnar uma megera caipira Lina Lamont como poucas conseguiriam na época, trabalhando em uma personagem odiada e que ao mesmo tempo cativava o público com aquele jeitinho burro de ser.
Além dela, Donald O'Connor no papel de Cosmo Brown é impagável. Ele descontrai o ambiente, alivia as cenas e em momento algum fica "apagado" quando contracena com Gene Kelly.
A única coisa que realmente não me entra é que não dá pra entender esse fetiche que todos os musicais dos anos 50 e 60 tem por sapateado. As cenas onde ele não ocupa 90% do tempo de dança são tão mais bonitas... Mas isso é opinião mais do que pessoal, tem doido pra tudo ne?
Em geral, o filme é lindo. Terminei de assistir querendo ver de novo, sabendo que ele seria querido pra mim, que ele estaria na lista de coisas pra indicar sempre. É mais ou menos sobre isso que se trata esse comentário: sobre o filme ser tão lindo que dá vontade de rever sempre, sempre. Que aquece o coração, te deixa boba, te faz cantar as músicas e sorrir sozinha. Que, não importa quantos anos passem, sempre vai ser um daqueles queridinhos, amigos pra toda hora. Que merece fazer parte da vida de mais pessoas.
Cantando na Chuva
EUA, 1952 - 103 min.

Direção: Stanley Donen, Gene Kelly
Roteiro: Adolph Green e Betty Comden
Sinopse:Em 1927, Hollywood está um verdadeiro rebuliço, com a transição do cinema mudo para o falado. Don Lockwood e Lina Lamont, o casal mais querido do cinema mudo, prepara-se para rodar um musical. Mas infelizmente Lina não só não sabe cantar, como tem uma voz horrível. A estreante Kathy Selden é chamada a emprestar sua voz à estrela.
Ao lado de seu inseparável amigo, o compositor Cosmo Brown, Don tenta mostrar ao mundo o talento de Kathy.




3 comentários:

  1. Eu sou a rainha da procrastinação, eu deixo tudo para fazer na última hora, por que aí não tem como adiar mais, te entendo totalmente, e quando temos algo importante para fazer, qualquer coisa, até campeonato de futebol de botão se torna mais interessante, a vida é uma bitch.
    Quanto ao filme, eu lembro de muito tempo atrás ter assistido a pelo menos metade, mais eu não lembro de muita coisa. Mais é uma dessas metas da vida sabe, assistir a esses clássicos do cinema, não tenho problema em assistir filme antigo, gosto bastante, mais já ouvi muita asneira de gente que não gosta, aff.

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  2. Já tinha lido o post há um tempo, mas não acho que tenha comentado. E já que a senhorita não aparece, resolvi reler.
    Quero muito assistir esse filme, que eu já tinha ouvido falar mas nunca tinha lido uma resenha (até Cultcidio). Adorei tua história sobre como entrou em contato com o filme, de verdade. Como a procrastinação em pessoa que sou quero só ver quando eu for para a faculdade... Vai ser um desastre completo, haha.
    Aparece, guria! Estou te esperando.
    Mil beijos♥
    http://menina-do-sol.blogspot.com.br/

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  3. Hhahahahaha, acontece até nas melhores famílias hahahaha
    Sorte e... guente firme!!

    http://mepoupepaola.blogspot.com.br/

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